Sempre penso na frase de Karen Lamb “Daqui a um ano, você vai desejar ter começado hoje”.
De modo geral, se seu filho ou filha já mencionou assuntos relacionados à dinheiro, então já estão prontos para começar a receber uma mesada!
Nosso objetivo nunca foi “tornar meus filhos gênios em finanças” ou coisas do tipo. Mas, se esse for o seu objetivo, a mesada pode ser a primeira semente.
Para a nossa família a mesada tem sido um modo de:
- Empoderar
- Ensinar o valor do dinheiro
- Treinar e praticar a capacidade de fazer escolhas e planejar
- Ensinar a esperar
- Ensinar a contar, multiplicar, adicionar e subtrair
Um modelo bem difundido é oferecer 3 potes a cada criança.
Esses potes podem ser simples, transparentes como potes de palmito, por exemplo.
Pote 1 – GASTAR
Esse é o dinheiro para os impulsos, desejos que a criança sente repentinamente.
Pote 2 – DOAR
Uma parcela do dinheiro da mesada pode ser direcionada compulsoriamente à doação. Seus filhos podem escolher as causas para as quais preferem doar: um projeto social da escola, museu, ou no templo/igreja/congregação que frequentam, se for o caso.
Se sua família já está envolvida em algum projeto social, talvez vocês prefiram doar seu tempo e trabalho ao invés de dinheiro. Neste caso, o pote número 2 é desnecessário.
Aqui em casa, não fazemos essa etapa, não temos esse pote. Conversamos muito com as crianças sobre como podemos ajudar e como eu e meu marido fazemos nossas contribuições.
Pote 3 – Poupar
A ideia aqui também é destinar parte dos recursos para objetivos maiores e de longo prazo. Para ajudar a focar e visualizar melhor esse objetivo vocês podem colar uma foto, fazer um desenho, ou qualquer coisa que torne essa meta mais palpável.
Por enquanto temos um único pote para poupar. Ele é chamado de “o pote da família”. Vamos usar o dinheiro para comprar algo legal em alguma viagem de família. Todas as moedas de outros países que encontramos, que ganham dos avós, vão para lá.
Quinzenalmente, quando recebem suas 10 moedas de R$1, eu pergunto:
“Querem colocar R$1 no pote da família? Se colocarem R$1 eu coloco mais R$2 do dinheiro do papai e da mamãe. Assim, juntos, nosso dinheiro cresce mais rápido.”
Eles quase sempre me dão R$1 cada um. Eu então colo mais R$4 na frente deles. Eles ficam muito contentes com essa etapa! Na única vez que minha filha não quis contribuir ela explicou: “mamãe, se eu te der essa moeda vai demorar mais ainda para conseguir comprar aquela boneca, então prefiro guardar comigo”. Um motivo muito justo que eu respeitei.
Esse passo é como oferecer um “match” (em algumas empresas quando o funcionário opta em economizar parte do salário, seu empregador deposita parcela igual em um plano de aposentadoria).
Algumas famílias têm sistemas mais elaborados. Os filhos optam por pagar imposto sobre a mesada, ou poupar esse valor e receber um adicional destinado à poupança. Em outras famílias os pais pagam juros sobre os valores poupados.
Tudo isso pode ser implementado. A regra de ouro é: comece com algo simples, fácil de executar! Divirta-se também ao ver as escolhas erradas que eventualmente seus filhos farão!
No livro “The Opposite of Spoiled” de Ron Lieber ele conta o caso de um menino de mais ou menos 7 anos que ficou diversas semanas com 40 dólares no bolso. Um dia ele resolveu usar seu dinheiro. Primeiro, comprou um lugar na fila do lanche por $20. Depois usou os outros $20 para comprar uma bola no recreio! As professoras logo descobriram e fizeram os colegas devolver o dinheiro. Sem dúvidas, uma excelente oportunidade para uma conversa!
Dicas:
1. Valor: na dúvida comece com pouco e vá aumentando se preciso. Considere a idade e as responsabilidades atreladas a esse valor. Queremos que as crianças pensem, ponderem, não que tenham liberdade de comprar tudo o que desejam livremente.
2. Responsabilidades: Definir a finalidade do dinheiro (comprar o próprio lanche, apenas para desejos pessoais) é tão importante quanto deixar bem claro as proibições (não poder comprar jogos eletrônicos nem um animal de estimação).
Na próxima, falaremos sobre trabalhos remunerados.